Continuamos em uma fascinante jornada através das crônicas produzidas por Fê Pandolfi. Uma verdadeira viagem literária que nutre a alma.

 

Esta é a quinta crônica de uma coleção que promete enriquecer nossas mentes e corações. Mensalmente, mergulharemos em novas crônicas que se somarão a essa coleção, tecendo um volume de experiências e reflexões. 

 

Prepare-se para embarcar nessa emocionante aventura, onde as palavras se entrelaçam para nos fazer viajar, sentir e explorar o mundo através das lentes sensíveis de Fê Pandolfi.

Conheça Fernanda Pandolfi

Crônica escrita por Fernanda Pandolfi. A escritora e jornalista já viajou para 63 países e em 2017 fez a volta ao mundo, que rendeu o livro "Quem é a Estrada". Atualmente, é cronista na Revista Persona, professora de transmedia e storytelling da ESPM-RS, está à frente da FP Ideação em Mídias Sociais e do projeto Ida e Volta.
Crônica V                                                                                                                                                               12 de Dezembro 2023

O Natal dos sonhos

Se você não sofre de dezembrite aguda, aquela síndrome que deixa as pessoas melancólicas no final do ano, provavelmente, você é do time que acredita que o Natal é a época mais mágica do calendário. Neste caso, permite-se voltar à infância, tornar o olhar um pouco mais lúdico para a fantasia de duendes, renas e Papai Noel e sonhar.

Como uma amante das boas comédias românticas envolvendo a temática, por muito tempo, tive Nova York combinada ao Natal ocupando um espaço amplo na minha imaginação. Pega a visão: neve caindo, vitrines temáticas, cafés e biscoitos fumegantes com Michael Bublé tocando ao fundo enquanto, enfiada em botas peludas e um casaco fofo, caminhava pelas avenidas iluminadas. Até que chegou o dia em que... passei o Natal em Nova York.


Era o final de uma jornada de seis meses morando na Big Apple, o que me oportunizou assistir à transformação da cidade. Lembro a sensação alegre ao abrir a persiana do meu quarto na região de Upper East Side e deparar com a neve acumulada pelas ruas e pintando os tetos dos vizinhos de branco. Que emoção! Sendo domingo, aproveitei para tomar café da manhã fora de casa e passear pelo Central Park espiando famílias inteiras em festa montando bonecos de neve ou desenhando anjinhos com os próprios corpos no chão. Dali para frente, a metrópole foi assumindo sua personalidade dezembrina e ganhando formas, cores e... mais pessoas. Aparentemente e, definitivamente, o sonho do Natal em Nova York não era uma particularidade minha.


Entre lojas com filas de espera para fora da porta e uma Times Square quase intransitável, recordo do episódio vivido na tão aguardada cerimônia de iluminação da árvore do Rockfeller Center. Mesmo me direcionando ao local com antecedência, não consegui encontrar a amiga com quem tinha marcado para dividir a ocasião. Ficamos presas, cada uma de um dos lados do pinheiro enfeitado. A curiosidade é que, para manter a turistada organizada, há uma regra de que não é possível cruzar de um lado para o outro. São construídos bloqueios nas ruas e vias que impedem os pedestres de ir e vir em momentos de grande euforia como estes. No fim das contas, do alto dos meus 1m53cm na multidão, não consegui acompanhar a celebração e terminei a noite jantando sozinha, em um restaurante brasileiro com aspecto de esconderijo. Planos frustrados. 


Lá pelas tantas, entre uma garfada de estrogonofe e outra (sim, descobri por lá que, apesar da origem russa, este é um prato adotado e adaptado por brasileiros) e um gole de guaraná, quis compreender o vazio que ventilava no meu peito. Família era o nome do buraco. Admiti que o Natal é um período não tanto para ser visto, mas para ser sentido. Em um passe de mágica, o lugar mais incrível do mundo pode parecer sem graça e a casa mais simples, em um município quase esquecido no mapa, torna-se objeto de desejo. É um dos raros momentos em que conseguimos compreender com nitidez: não há outro lugar onde eu deveria ou queria estar hoje.


Se eu ainda tenho anseios envolvendo lugares e o Natal? Muitos! Entre eles, está visitar as feiras natalinas na Alemanha e ir à Finlândia, a própria terra do Papai Noel  - e quem sabe, caçar uma aurora boreal. Só que o sonho ganhou um elemento extra: a família completa. Para mim, Natal só é Natal em família, seja ela do tamanho, do formato e do jeito que for.

Boas festas para você e lembre-se:

Faz bem viajar em família.

Aproveite e assista o manifesto " Faz bem Viajar "